domingo, 11 de julho de 2010

O AMARGOR DO AÇÚCAR

Seis pares de olhos livres
Seis criaturinhas
Duas iguais
A mais velha
Talvez seis safras
Dois pares de mãos calejadas
O doce do caldo da cana
Traz o amargor
Do julgo de gerações
Seis pares de olhos radiantes
A margem da estrada
Espectadores do novo
Maravilhados
Com os monstros de ferro
Seis criaturinhas esquálidas
Pra matar a fome
Um pacote de fuba
Um refrigerante barato
Oito pares de pés descalços
Dois pares de olhos tristes
Seis pares de mãos lisinhas
Em breve escravos
Do amargo julgo
Da doce cana de açúcar

Kiko Azevedo 11 / 07 / 2010

Um comentário:

  1. Conheço bem esses personagens, é a continuação da poesia de José Lins do Rego, em Usinas. Reencontramos em flores cristalizadas, de dores e ausências...
    Abração
    Júnior

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