quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PAU BRASIL

As crianças brincam sob as árvores;
Uns sonham que são generais
E de suas trincheiras
Fazem discursos inflamados
Defendendo o país.
O capitão conduz a nau Catarineta
Cantando o romance de Catirina e Birico,
Alguns falam de um reino encantado
Onde as riquezas são de todos,
Um é o próprio Drummond
No fazer dos versos.
Tem o que ama a princesa mais linda,
E a princesa que ama o plebeu.
Outro incorpora Cícero,
Sobe no banco e discursa longamente
Sobre política e a queda da bolsa.
E ainda chega o Conselheiro
Avisando que o sertão vai virar mar,
Nisso o mais exaltado pede outro tira-gosto:
É picado, feijoada ou chambaril?


Kiko Azevedo 22 / 09 / 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

LIÇÕES

Busco no corpo as imagens da juventude,
O frescor da pele,
Os primeiros pelos,
O brilho dos olhos.
Encontro os sonhos,
As primeiras lições,
O despertar do amor,
O desejo.
As cicatrizes,
A busca de caminhos,
As dúvidas.
Os tombos,
Feridas que logo cicatrizam,
Marcas das travessuras.
Os pelos incomodam,
O desejo ainda é forte,
Os olhos brilham mais forte
Pelo encontro do amor.
As lições e os caminhos da vida
Trouxeram o aprendizado
E as cicatrizes.
A pele já dá sinais de cansaço,
Continuo sonhando,
Aprendendo,
Caindo e em dúvida.

KIKO AZEVEDO 01 / 09 / 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

NOVEMBRO

É Novembro!
Um dia quente de primavera,
É Novembro,
E o fogo do meu peito,
Bastaria para queimar
Todos os canaviais das Alagoas.
Estás longe, finda a tarde.
Nas curvas do Pilar
Lembro as tuas.
Meu peito arde.
É Novembro!
Tua foto é um aceiro,
Não deixa o fogo
Tomar todo meu corpo.
Tua voz um aguaceiro
A contê-lo.
O toque de tua mão,
É banhar-me no Gunga.
Beijar teus lábios,
É mergulhar na Mundaú.
Kiko Azevedo 11 / 2006